Revista Reformador

Compaixão¹

A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos; é a irmã da caridade que vos conduz a Deus. Ah! deixai que o vosso coração se enterneça ante o espetáculo das misérias e dos sofrimentos dos vossos semelhantes. Vossas lágrimas são um bálsamo que derramais em suas feridas, e quando, por uma doce simpatia, chegais a lhes proporcionar esperança e resignação, que encanto não experimentais…

A piedade, a piedade bem sentida é amor; amor é devotamento; devotamento é o esquecimento de si mesmo e esse esquecimento, essa abnegação em favor dos infeli zes, é a virtude por excelência, aquela que o divino Messias praticou em toda a sua vida e ensinou na sua doutrina tão santa e tão sublime. Quando esta doutrina for restabelecida na sua pureza primitiva, quando for admitida por todos os povos, ela tornará feliz a Terra, fazendo que reinem aí a concórdia, a paz e o amor. O sentimento mais apropriado para vos fazer progredir, domando em vós o egoísmo e o orgulho, aquele que predispõe vossa alma à humildade, à beneficência e ao amor ao próximo, é a piedade! piedade que vos comove até as entranhas à vista dos sofrimentos de vossos irmãos, que vos impele a lhes estender a mão para socorrê-los e vos arranca lágrimas de simpatia. Nunca, portanto, aba feis nos vossos corações essas emoções celestes, nem procedais como esses egoístas endurecidos que se afastam dos aflitos porque o espetáculo de suas misérias lhes perturbaria a existência…

A piedade é o melancólico, mas celeste precursor da caridade, a primeira das virtudes que a tem por irmã e cujos benefícios ela prepara e enobrece.

¹N.R.: KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 13. imp. Brasília, DF: FEB, 2022. cap. 13, it. 17. (Título alterado pelo Editor, com transcrição parcial.)