O apóstolo da fé
Relata Irmão X, no capítulo 28 – Kardec e Napoleão da obra Cartas e crônicas, que na noite de 31 de dezembro de 1799, logo após se tornar Primeiro Cônsul da República Francesa, Napoleão Bonaparte foi levado, em processo de desdobramento durante o sono, a uma grande assembleia de Espíritos sábios e benevolentes para marcarem a entrada do novo século.
A assembleia foi composta por personalidades da antiga Roma imperial; das Gálias; da Espanha; das Américas; da Grécia; de Israel; dos países Eslavos, Germânicos; da Inglaterra; da Índia; da Igreja Romana; e continuadores de Maomé. Ali se encontravam Espíritos que voltariam à luta carnal em futuras existências para o combate à ignorância e à miséria, na trabalhosa preparação da nova era da fraternidade e da luz.
Um grupo de almas ainda encarnadas se agregaram à assembleia para a reafirmação de compromissos, dentre elas Napoleão Bonaparte, até o instante em que uma estrada de luz, sob a forma de ponte levadiça, projetou-se do céu dando passagem a estrelas resplandecentes que, ao alcançarem o solo, se transformavam em seres humanos envoltos em autoridade celestial. Dentre eles, um avultava-se em superioridade e beleza, caracterizado por tiara rutilante a brilhar na cabeça, olhar magnânimo cheio de atração e doçura. Guardava na destra um cetro dourado de sublimes cintilações.
Foi, então, que Napoleão, em lágrimas, levantou-se em direção do mensageiro, postando-se de joelhos, diante dele. O celeste emissário ergue-o e procura abraçá-lo, quando o céu pareceu abrir- -se diante de todos e uma voz enérgica e doce ao mesmo tempo exclamou para o grande corso: “– Irmão e amigo, ouve a Verdade, que te fala em meu espírito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento…”.
O apóstolo que seria Allan Kardec, o mensageiro da renovação, renasceu em Lyon a 3 de outubro de 1804, apagando a própria grandeza na humildade de um mestre-escola, como simples homem do povo. Submetido aos desafios da existência, deu integral cumprimento à divina missão, inaugurando a era espírita cristã que, gradativamente, vai-se instalando em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.
Neste mês, em que se rememora o nascimento do apóstolo da fé, reverenciemo-lo pelo legado divino que deixou à Humanidade, revivendo o Evangelho de Jesus em sua pulcritude. Que o nosso preito ao Codificador, o apóstolo da fé, seja a bandeira do Espiritismo cristão e humanitário, que ele levantou, mantendo-nos fiéis a Jesus e a Kardec no testemunho das luzes emanadas pela Doutrina Espírita por ele codificada.